23 de setembro de 2011

180° - Eduardo Vaisman

Certamente, produzir um filme requer muita força de vontade, de trabalho. Aglutinando muitas pessoas, a começar pelo diretor, todos imbuídos num propósito em comum, o de se fazer um filme único. E, claro, se possível, um filme bom e aceitável. Vale dizer que meu espírito romântico, leva-me a crer que todo cineasta que se presta a esta epopeia,  por vezes heroica, que consome meses e até anos para ser concluída, tenha em seu diretor, um comandante que antes de tudo, ame, venere a sétima arte. Antes de dirigir/gerar seu próprio filme/filho, este diretor deve (acredito ingenuamente) conhecer e se basear em filmes formidáveis, e do convívio e bagagem com estas obras, estabelecer uma ponte para com suas crias. Daí surge minha angustiante pergunta: O cara não percebe que esta trabalhando arduamente num filme ruim? Que esta criando um monstro?
Detesto falar mal de filmes - pois cinéfilo, os amo-, e de maneira geral, falar mal de qualquer outra coisa. Tenho uma amiga que diz que preciso deixar de ser “bonzinho”, botar os bichos pra fora. Mas acontece que o cinema nacional este ano, está impossível. Novamente, saí do cinema me sentindo lesado pelo preço do ingresso e pelo tempo perdido. Mais um filme brazuca na lista dos piores do ano, que por sinal está concorridíssima só com nacionais. Muita quantidade, pouca qualidade.
Entendo, e em alguns casos até simpatizo com filmes feitos para o “povão”, como “De Pernas Pro Ar” ou “Muita Calma Nesta Hora”, filmes estes rechaçados pela crítica, mas sucesso garantido. São filmes que apenas querem divertir, não se pretendem maiores do que isso, então respeito. O que não suporto são estes filmes pseudo-intelectuais que se vendem como “puro-scotch”, mas são na verdade uns “paraguaios” de segunda linha. Melhor seria uma cachacinha não? Tem uns cineastas que parecem que só conhecem o circuito Vila Madalena/Pinheiros, com aquelas historinhas chatas a respeito do próprio umbigo. Mas está é outra historia.
Outro dia, um amigo crítico (mas) querido, comentou no Facebook que o argentino “Medianeiras” (Ah! Mariana, ou melhor, Pylar, espanhola  Pylar Ayala! Para de procurar Wally, eu estou aqui, minha linda!) é um filme publicitário da pior espécie. O que ele falaria então sobre este 180°? Titulo sugestivo para um filme que roda, roda e não chega a lugar nenhum, só nos meus nervos. Alias, visto a camisa argentina e uruguaia, comparando o que tenho visto dos hermanos em comparação ao cine Brasil. Viva Los Hermanos.
Este filme conta uma história inverosímel sobre um triangulo amoroso entre três jornalistas – quer coisa mais Vila Madalena do que isso -, sendo que um deles (Felipe Abib, péssimo) encontra uma agenda com listas de compras (!?) e a partir dela escreve um super best-seller. Repito, escreve um campeão de vendas a partir de uma lista de compras, e no Brasil, sendo que vale lembrar, só para se ter uma pequena comparação, que na Argentina, país do tamanho (mais ou menos) do estado de São Paulo, tem em torno de 80% a mais de livrarias que nós, leitores- pelo jeito – não tão ativos. Com este sucesso, o rapaz acaba roubando a namorada (Malú Galli) do outro jornalista (Dú Moscovis), para depois descobrir que não havia roubado apenas a namorada dele. Mas não dá para entender direito todo o “conceito”, pois as idas e vindas ao tempo, tão bem utilizado em filmes recentes como o maravilhoso “Namorados Para Sempre”, aqui funciona sempre negativamente, pois as cenas são pessimamente editadas, deixando tudo meio que em aberto. A questão aqui é saber se as coisas funcionam assim por “razões artísticas”, sabe como é, para deixar no ar aquele ar de difícil, intelectual, ou se é apenas desleixo mesmo. Acredito na segunda hipótese. Afinal, como classificar a última cena do filme? O que é aquilo?Final em aberto? Pegadinha do Malandro? O quê, como assim? Tá difícil viu.

Ultimamente, o que era um dos meus maiores prazeres, que é ir até o cinema, tem se tornado um aborrecimento, graças a esta safra tão ruim de filmes, e não estou falando apenas do cinema nacional, não. Vou ter que começar a ver aqueles filmes antigos, em DVD, guardados, que fico deixando pra depois, é o jeito.

Um comentário:

  1. Hahahahahha....Otimo Texto, o cinema nacional tem deixado a desejar ultimamente, até mesmo nos considerados artisticos, que tem parecido mais arte com o expectador. Esse ano, até agora, poucos tem se safado, talvez o HOMEM DO FUTURO, VIPS, q tb não é grande coisa. Queria assistir esse, mas fiquei superdesmotivado agora, acho q verei NATIMORTO, q entrou em cartaz e alguns falaram bem. Concordo com vc, o cinema hermano tem andado muito melhor. Abração!

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