27 de novembro de 2006

Fica Comigo Esta Noite – João Falcão


Nos idos de 1990 ou 1991, fomos eu e outros amigos (os baianos, saudades...) assistir a peça teatral de Flavio de Souza, que serviu de base para este filme. Era a segunda adaptação, já que a primeira havia sido mais independente, com Marisa Orth e Carlos Moreno. O imenso sucesso da peça fez com que ela fosse novamente produzida, com Débora Bloch e Luiz Fernando Guimarães à frente de seus respectivos personagens: a viúva e o morto. Já na entrada, tivemos uma surpresa, já que era a própria Débora que nos recepcionava chorando, agradecendo pela presença no velório de seu marido. Logo após ela recepcionar a todos e a sala de teatro (funeral) ficar lotada, é que começou a peça, engraçada por demais, diga-se de passagem. Eu e meus amigos demos muitas risadas, com exceção do Roberval, que já era famoso entre os conhecidos, por sua mania de dormir onde quer que fosse, para se ter uma idéia, eu já havia presenciado ele dormindo com a cabeça encostada numa caixa de som em um show de rock, o cara é impressionante. Pois não é que em um determinado momento da peça ele dormiu, e neste mesmo momento veio subindo os degraus, a própria Débora Bloch a falar sobre suas dores da recente perda, e agradecendo mais uma vez nossa ilustre presença em doloroso acontecimento. Pois não é que ela chegou próxima ao Roberval, parou o choro e fechando bem perto, falou: “Escuta aqui, você está pensando que isso aqui é um albergue hein?!Vamos acordar , meu senhor! Respeite a dor de uma pobre viúva!”. Nisso, a platéia caiu na gargalhada. O Val acordou, olhou sério para a Débora, ela saiu andando de volta para o palco e deu mais uma olhadinha para trás e falou: “Não acredito, dormiu de novo, mais onde nos estamos?” O Val abriu os olhos novamente com as gargalhadas e ainda disse: “Me deixa mulher, que chata...” Nisso, obviamente, todos da platéia, (com exceção da própria Débora Bloch e nós, seus amigos) acharam que era combinado, mas não era não.Isso rendeu boas risadas durante um bom tempo entre nós, e uma boa lembrança. Digo isto tudo, pois foi a primeira coisa que me veio a cabeça quando vi que iriam fazer a adaptação da peça para o cinema.

Quanto ao filme, a coisa é mais ou menos como tem acontecido com o advento da Globo Filmes; filminhos bobinhos, estórias chatinhas, com cara de filme feito para a televisão, e não para o cinema, como deveria ser. João Falcão- infelizmente - resolveu largar de lado suas peças teatrais, e dirige seu segundo filme, em menos de um ano, sendo que o outro filme “A Máquina” já não era grande coisa, mas pelo menos tinha uns diálogos bacanas entre Mariana Ximenes e Gustavo Falcão, aproveitados do texto original do próprio diretor. Já neste telefilme, nem isso temos. Quando Wladimir Brichta, logo no inicio do filme, se põe a cantar uma versão rock do clássico “Fica Comigo Essa Noite”, vi que o sofrimento iria ser muito. A sorte é que o filme é pequeno (em todos os sentidos) e termina logo, assim como o filme sumiu da minha memória cinco segundos depois de eu sair da sala de cinema, nem bem tinha saído do Shopping Tatuapé, e me perguntava: “Qual o filme que eu estava assistindo mesmo?” Triste, triste. Nem a gracinha da Aline Morais vale o filme.

E o pior é que o diretor toma liberdades com o texto e modifica totalmente a estória que fez sucesso nos palcos teatrais. Quer dizer, desagrada até quem iria gostar de graça, por ser uma adaptação de uma peça de imenso sucesso, que eu assisti e garanto que era milhões de vezes melhor que este filminho bobinho. João Falcão, volte para o teatro e não me chame!

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