17 de outubro de 2006

As Torres Gêmeas – Oliver Stone


Tenho lido e ouvido falar muito mal deste filme. É porrada de tudo quanto é lado, que realmente fiquei mais curioso ainda para assistir ao filme. Como se o tema abordado já não fosse suficientemente interessante.

Oliver Stone é um diretor curioso. Seus filmes geralmente são muito comentados, mas a impressão que tenho é de que este marketing (in) voluntário sempre esconde suas limitações. Todos seus filmes, quando revistos, se tornam menores do que de fato o são. Mesmo Nascido em 04 de Julho e Talk Rádio, filmes que gosto, perdem seu vigor com o tempo. O diretor faz filmes impactantes, que mexem com o imaginário americano, pois tem sempre a intenção de tocar em suas maiores feridas. Seus filmes não são universais, são americanos até o osso, com todo o ranço que isso possa trazer. Às vezes, o diretor é bem sucedido, às vezes não.

Mas o que me impressionou neste seu último filme (ao contrário do penúltimo filme, o grande e terrível Alexandre), foi a simplicidade, humildade e delicadeza com que Stone “tenta” trabalhar a maior ferida americana. É de se estranhar falar em delicadeza e Oliver Stone ao mesmo tempo, e é aí que começam os problemas. Ele não sabe ser delicado, e se perde na sua própria direção.

O filme, conta a história verídica de duas famílias envolvidas com o acidente das torres gêmeas. Conta a história de dois soldados que acabam soterrados enquanto tentavam salvar feridos. E conseqüentemente a reação de suas respectivas famílias.

Mas o personagem mais interessante é mesmo o ex-fuzileiro que acaba salvando os dois policiais. Em meio a um culto, ele diz ao pastor de sua igreja que “ouviu” uma ordem de Jesus, e vai para os escombros tentar achar alguma vítima. Ele é o típico americano de direita, conservador, um daqueles exemplos de americano, que acredita no seu presidente e na soberania de seu país perante o mundo. E ele existe mesmo, não é invenção, depois do ocorrido, foi lutar no Iraque. Tanto é que o filme agradou e muito a direita americana e desagradou a esquerda, não por acaso, a mesma formadora de opiniões tanto nos EUA como no mundo afora. Seria um papel perfeito para Mel Gibson.

Talvez, a falta de delicadeza de Stone, tenha deixado de lado coisas muito interessantes que ele podia trabalhar. Só para citar um exemplo, interessante notar que a família típica americana do filme está em crise (Maria Bello com umas lentes de contato azuis horrorosas e Nicolas Cage), enquanto a outra família, formada por descendentes e imigrante, que vive seu melhor momento (Michal Pena e Maggie Gyllenhaal). Alusão à antiga e a nova América? Não dá para saber. Muita coisa fica rala, falta conteúdo para todas as alusões do filme e a impressão acaba sendo, que o filme poderia ser muito melhor nas mãos de outro diretor. Stone tenta com este filme, nadar contra sua própria correnteza, tenta ser sutil, quando se esperava dele muito impacto. Não tem jeito, sua mão é pesada demais.

Mas o filme tem também suas virtudes. Sabe emocionar em alguns momentos, principalmente naqueles em que a fraternidade e ajuda humana se sobrepõem em meio a toda aquela desgraça americana. Quadrado sim, mas mesmo assim interessante.

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